domingo, 26 de fevereiro de 2012

Os livros

                                     O Livro 

           Amigo querido e silencioso é este que nos acompanha desde a  infância pela vida à fora, enquanto e  quando quizermos sua companhia.
           Silencioso; porém sussurra ou grita, arranca lágrimas ou sorrisos, suspiros, pensamentos inimagináveis, atira-nos  verdades à cara, descreve-nos novos mundos, leva-nos a longinquos sítios, desvenda-nos filosofias fantásticas, adentra-nos aos costumes e usos de povos distantes, ensina-nos miríades de  ciências complexas, conta-nos a história dos povos de todos os tempos, explica-nos o céu e a terra, convida-nos sempre a aprender um pouco mais do tanto que não sabemos.
           Existe sensação de ignorância mais profunda do que passear por uma grande biblioteca? Ah... houvesse tempo  suficiente para lê-los todos !!! Que alegria  indescritível seria esta !
           Manusear um livro, novo ou velho, é ter nas mãos um grande mistério, é estar à frente do desconhecido podendo lançar-se ao seu descobrimento. O aroma do papel e da tinta fresca, ou então da pátina do tempo que não altera sua beleza, aguçando nossa curiosidade e fustigando a imaginação.
          E quando o livro é bom marcamos as importantes passagens, grifamos, relemos, comentamos às margens, contamos aos amigos e para ele reservamos um lugar especial  no criado, também mudo, do quarto. Há também os que preferem manter o livro livre de qualquer razura ou grifo, preservando-o de influências alienígenas que o deturpem. Mas para mim é um amigo com quem posso dialogar, e se é meu e faz parte de mim, gosto de  destacar o que coincide com o que penso, ou o que, ao contrário, me faz rever o que pensava.
          Alguns lêem ouvindo música clássica, outros em total silêncio, mais alguns em ônibus e metrôs. Na cama ou na poltrona preferida, na rede, no tapete, no jardim, cada qual escolhe o local e a melhor luz para o momento mágico da leitura. Na verdade pouco importa tudo isso quando o livro é ótimo, pois nele mergulhamos, nos desligando do mundo real. A eles nos apegamos tal qual a amigos  amados, desde sempre, a eles nos entregamos perdendo a noção do tempo e  a mente livre ao aprendizado ou lazer. 
           A eles devemos muito:  alguns dos nossos melhores momentos, a maioria do que sabemos, grande parte do que somos.


                                      Eloísa Falcomer
                         São Paulo, 23 de abril de 2010