domingo, 23 de outubro de 2011

A tendência do brasileiro ao riso

Afinal,  quem é o palhaço?
                                                                  


                 Já disseram uma vez que o brasileiro não é um povo sério. Ao observar a postura atual das pessoas,  podemos dizer que isto é a mais pura verdade.
          Existe uma compulsão ao riso em praticamente todas as camadas da sociedade, uma predisposição em achar tudo muito engraçado, uma preocupação excessiva em procurar o lado jocoso de cada evento político ou social, uma tendência a se fazer piadas sobre tudo que acontece na vida da cidade, do país e do mundo.
                Imediatamente após um acontecimento noticiado nos jornais ou televisão, já surgem na internet, na imprensa, nas rodas de amigos,  chistes  ou  trocadilhos, usando sempre as novidades para gargalhar.
              Nunca vemos  a preocupação em se analisar o que ocorreu, em se esclarecer os fatos, verificar a veracidade ou a idoneidade da fonte, estudar as conseqüências, corrigir os erros para que não se repitam. O bom mesmo é fazer uma brincadeira em cima de tudo que acontece e pronto, está encerrado o assunto.
          Não há melhor hora para o crescimento do que nos momentos difíceis e problemáticos. Não há tempo mais apropriado para o desenvolvimento do que nas grandes crises. É nesse momento que o indivíduo deve se concentrar em mudar e melhorar, aprender e levar a sério o que aprendeu, estudar profundamente as causas do problema, detectar as falhas, fazer os ajustes necessários.
            Mas infelizmente não é isso o que ocorre. Sempre aparecem os engraçadinhos que acabam fazendo um enorme sucesso perante um grupo. Passam a ser esperados ansiosamente para alegrar as vidas daqueles pouco criativos, que apenas ouvem e morrem de rir. Esse piadista passa a ser a pessoa inteligente e esperta, aquela que sabe de tudo e é rápida em inventar mais uma porção de anedotas.
          Os mais sérios são considerados os chatos e macambúzios, caretas e quadrados,  que não têm senso de humor e que deveriam ter ficado em casa, que sofrem de depressão, que são mal amados, que não têm amigos, que não tem ninguém.
          Não sou defensora da seriedade exacerbada, há que haver equilíbrio. Há momentos para tudo, e não o pensamento focado somente no que é livre, leve e solto, não só no descomprometimento e descontração.
          Tenho reparado, ao assistir peças de teatro, óperas, palestras e entrevistas, as pessoas ficrem tão ávidas pelo riso, que riem até mesmo do que não é risível, acham graça do trágico, chegam a gargalhar simplesmente por ouvir um palavrão. Interpretam erroneamente comentários elevados, transformando tudo em brincadeira, tornando comédia o que quer que seja. Apresentadores de televisão fazem perguntas absurdas só para que a resposta seja mais engraçada. Intelectuais são muitas vezes ridicularizados para que suas entrevistas se transformem em grandes piadas, acabam muitas vezes passando por idiotas, rasos, sem imaginação, o oposto do que são realmente.
           O brasileiro precisa aprender a discernir o que é sério do que é piada,  precisa reconhecer o que é falado para seu desenvolvimento do que é engraçado,  necessita perceber que seriedade não é sinônimo de  chatice ou impopularidade. Que encarar os problemas de frente e buscar soluções não diminui ninguém. Há um momento para cada coisa. Estudar e aprender não transforma as pessoas em aberrações. Infelizmente ser sério está fora de moda.
           O brasileiro precisa crescer e parar de tentar ser uma criança para sempre. Brincadeiras têm limite. E limite é uma coisa que o brasileiro não   tem !!!



Eloísa Falcomer
São Paulo, 20 de julho de 2007

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Apologia da criação e da vida

Arnaldo Falcomer



Esta oração foi extraída de um discurso de Arnaldo Falcomer, meu pai, realizado no dia 23 de março de 1990, na Loja Maçônica Lord Baden Powell, ocasião em que ele estava sendo homenageado, por inúmeros trabalhos realizados.

           "Oh Grande Arquiteto do Universo! Tu me criaste achando que de alguma forma minha presença entre os homens seria compensadora, embora Teu projeto não tenha sido inteiramente realizado. Eu Te causei muita decepção. Mas, para um espírito pobre, até que fiz muito! Fracassei em muitas coisas. Quem sabe se em oito ou dez vidas conseguirei atingir o que esperavas de mim. Não devo ser ingrato, agradeço teres me colocado num lar humílimo, mas honrado. Jamais na minha casa encontrei rejeição aos meus costumes, minhas idéias. Jamais conheci a infelicidade, porque aprendi a não ter inveja. Nunca experimentei o menosprezo, porque me puseste do lado de irmãos, tios, avós, primos, colegas de escola e de trabalho que sempre demonstraram acatamento e respeito a mim. Conheci desde cedo, que, sem ser cobiçoso, algum progresso atingiria por meios próprios e honestamente. Posso não ter atingido os níveis que esperavam de mim, por ser alma pequena, mas minha intenção sempre foi a de construir, de participar, de colaborar.
           Criaste o homem, Supremo Arquiteto, para que ele realize e cresça, para que ele supere a si mesmo e construa um mundo melhor. Daí eu sentir a tremenda responsabilidade que está sobre meus ombros. Por que percebo que minha vida se esvai e pouca coisa mais poderei fazer. Só uma coisa posso transmitir de muito oportuno aos mais moços que eu: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias”, mensagem presente em nossos rituais. Façam agora, porque amanhã pode não haver oportunidade nem condição.
           Grande é meu débito pelo que não fiz em muitas áreas de interesse da Humanidade. Meus amigos, que são meus credores pelo que não realizei, são por demais complacentes.
           Sou grato a Ti, Grande Arquiteto, pela descomunal tolerância que tens para comigo. Sou muitíssimo agradecido  aos meus amigos e extremamente feliz por não ter de quem me queixar. Sou grato a Ti por eu ter sido colocado em caminhos onde encontrei por espelho Homens de estatura moral elevada, almas nobres, tipos altivos, seja no âmbito da Maçonaria, do Escotismo, no mundo religioso e na atividade profissional.
           Faço esta exaltação a Ti, Grade Arquiteto de Universo, porque sois a expressão da Vida, Vida Universal, Vida Eterna!
          Vida entre amigos, vida entre irmãos, pulsação infinita, calor humano, calor sideral, calor celestial, calor Divino!
          Graças Te rendemos, Oh Grande Arquiteto do Universo! Assim Seja!”

Arnaldo Falcomer