sábado, 20 de agosto de 2011

Paixão politicamente incorreta


                                 
               Quanta saudade...!  Sinto sua falta a cada instante, sinto seu perfume e me lembro de quando convivia com você diariamente.
          Quanta tristeza quando nos separamos, quantos momentos angustiantes, que solidão acompanhou o seu afastamento. Havia momentos em que pensava em reassumir a paixão, mas lembrava-me das conseqüências de tal decisão, dos males da sua presença em minha vida.
                 Agora, longe de você há tanto tempo, fico pensando o quanto perdi em abandoná-lo, fico tentando me convencer que foi o melhor que poderia ter feito, fico rememorando quanto sua companhia me acalmava e ao mesmo tempo me excitava.
              Todos me apoiaram e se solidarizaram com minha tomada de consciência e efetivo desligamento de você e da vida que juntos usufruíamos. Éramos felizes, fazíamos um belo par, você incensava meu mundo, você preenchia um vazio em mim, que à pouca coisa podia se equiparar.
                  Hoje sem você, penso no quanto me satisfazia, entrando em mim, etérea e  suavemente, invadindo cada célula, cada gota de sangue, com a química que sempre houve entre nós. E ficava inebriada, feliz e plena, o desejo realizado, a paixão viciante que quando saciada entontecia e praticamente me deixava sem fôlego.
              Lembro de você e o quero de volta, dúvidas povoam minha mente, transtornada me remeto ao tempo em que nosso dia a dia era povoado de momentos de prazer. Tenho que repensar se vale a pena manter-me afastada de você, tenho que reavaliar o quanto essa distância é nociva e o que aconteceria se voltássemos a conviver.
             A grande preocupação é com a opinião dos outros, infelizmente. Tenho que assumir que fico preocupada com isso, é uma fraqueza, é uma falha de personalidade, mas as pessoas opinam, se intrometem, se julgam no direito de julgar o que é bom e o que é ruim para mim. Deixo-me levar por essas opiniões, deixo-me influenciar pelos palpiteiros, e eles querem nossa separação.
              Vou mostrar que quem manda em minha vida sou eu, e eu quero você, preciso de você, sem você me sinto só...
                Agora basta. Não quero mais esse negócio de você longe de mim.
          Chega de saudade...  Está decidido.  Vou voltar a fumar !

                                                                              Eloísa Falcomer
                                                          São Paulo, 29 de maio de 2008

Este texto foi escrito para um concurso literário do Jornal O Estado de 
São Paulo, cuja frase/tema, que  deveria constar do corpo do texto, era : 
"Naõ quero mais esse negócio de voce longe de mim". 
O concurso era comemorativo dos 50 anos da nossa Bossa Nova !

2 comentários:

  1. Ha ha ha ha ha! Ah, menina! Você é demais! Enquanto eu lia ficava imaginando de quem você estava falando ... No final, morri de rir e tive que ler de novo, é claro! É dez! Cem! Mil!

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  2. Veroca, obrigada mesmo. Mas não me dei bem no concurso...eles agradeceram muito, mandaram a lista dos 5 primeiros colocados, e só! Mas não custa tentar, não é mesmo? E valeu o exercício de escrever com tema fixo, tamanho de texto pré-determinado, etc. E agora tento tirar proveito do que escrevi há tres anos atrás. Beijosssss

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